Algo que costumo dizer é que Santa Catarina precisa pular o Brasil. O Brasil é um país de grandes gargalos. Ficar esperando que todos eles sejam resolvidos não vai levar Santa Catarina ao aumento de renda que as pessoas precisam ou aos bons empregos que os jovens almejam. Isso não significa fechar os olhos e dar as costas para o país. Devemos atuar juntos e colaborar na busca por soluções. Porém, o caminho é pular o Brasil, trabalhar da melhor forma possível com os atuais desafios enquanto eles são resolvidos, olhando também para fora, para as boas oportunidades que estão disponíveis no mercado internacional para quem se prepara e investe em qualidade e inovação. É uma tarefa que exige trabalho duro dos empreendedores, mas as recompensas estão à altura do esforço exigido.
A internacionalização da economia catarinense representou uma parte importante do Nova Economia Catarinense, programa desenvolvido em uma parceria entre o Sebrae/SC e a Secretaria de Estado do Desenvolvimento Econômico Sustentável quando estive à frente da pasta. Dentro do guarda-chuva de projetos do Nova Economia Catarinense, o Exporta SC foi a ação que formatamos para que micro e pequenas empresas pudessem alçar voos de longa distância mirando o mercado internacional.
O Exporta SC ganhou impulso em uma missão que organizamos em 2013 para Fort Lauderdale, na Florida, e ao Porto de Everglades. O terminal é um dos mais movimentados dos EUA. Percebemos lá as grandes oportunidades que surgiam no entorno do empreendimento. Já vínhamos debatendo como internacionalizar as empresas participantes do programa Nova Economia Catarinense, mas os insights que trouxemos de Fort Lauderdale foram um divisor de águas na definição de como gostaríamos de explorar as oportunidades que encontramos lá a partir da internacionalização das nossas micro e pequenas empresas.
Em janeiro de 2015, o Sebrae/SC anunciou o nome das 50 empresas selecionadas para o Exporta SC – sete delas da Foz do Itajaí. As empresas tiveram a chance de abrir uma sede em Fort Lauderdale a partir da parceria com uma incubadora de negócios local. Elas receberam ainda todo o suporte do Sebrae para vencer os desafios da internacionalização com o objetivo de que se tornassem autossuficientes para atuar no mercado internacional. Naquele momento, os Estados Unidos ocupavam o posto de principal mercado comprador dos produtos de Santa Catarina.
Uma dessas empresas era a Decora, de Florianópolis. Criada por estudantes de administração em 2012, a Decora é especializada em soluções de computação gráfica para o varejo online de materiais de construção e decoração. Após participar do Exporta SC, a empresa catarinense ganhou tanto destaque no mercado americano que acabou adquirida pelo grupo CreativeDrive por US$ 100 milhões, o equivalente a R$ 330 milhões na época. Era até então o maior negócio envolvendo startups de Santa Catarina.
Para se ter uma ideia do sucesso do case da Decora e do Exporta SC, o valor da negociação é quase cinco vezes tudo o que o Sebrae/SC e a Secretaria de Estado do Desenvolvimento Econômico Sustentável investiram juntos nas ações do programa Nova Economia Catarinense: Polos Industriais, Juro Zero, Economia Verde e Solidária, Exporta SC, Desenvolvimento Territorial e Ilumina receberam o investimento de R$ 70 milhões entre 2011 e 2014.
Com políticas públicas modernas e gestão focada nas pessoas, no aumento da renda e dos empregos de qualidade, não há o que segure o talento dos empreendedores catarinenses. Inovar e empreender estão no nosso DNA. Nem mesmo os problemas do Brasil são capazes de impedir Santa Catarina de chegar mais longe. Basta retornamos ao caminho certo do desenvolvimento, do planejamento e da inovação. A Decora está aí para provar que é possível crescer pulando o Brasil.
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