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Economia Verde e Solidária


A Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas de 2021 (COP 26) reforça a importância de darmos a devida atenção ao meio ambiente e às mudanças climáticas. Embora as principais medidas precisem de um esforço nacional, há uma série de ações que podem – e devem – ser realizadas nas esferas estaduais e regionais para ajudar nos esforços de preservar o meio ambiente.


Vejamos o case do programa Economia Verde e Solidária, uma política pública inovadora que desenvolvemos na Secretaria de Estado do Desenvolvimento Econômico Sustentável, quando estive à frente da pasta. Entre 2013 e 2014, essa iniciativa fomentou e apoiou 43 projetos de reciclagem e reutilização de resíduos sólidos em empreendimentos produtivos coletivos catarinenses de baixa renda e sem fins lucrativos. O programa abriu maior espaço para se debater a economia circular em Santa Catarina, ao mesmo tempo em que ofereceu melhores condições para que centenas de famílias pudessem aumentar a sua renda.


A economia circular reduz a extração de recursos naturais ao maximizar a retroalimentação da cadeia produtiva por meio de remanufatura, restauração, reparo, reutilização e reciclagem de produtos e matérias-primas. O processo inclui, ainda, ecodesign, produção sustentável, distribuição inteligente, consumo consciente, coleta seletiva e reciclagem, tudo com a intenção de chegar ao desperdício mínimo. Isso é sinônimo de mais economia e de geração de novos empregos. A economia circular apresenta um grande potencial para ajudar a mitigar os danos ambientais, a poluição e, por consequência, o aquecimento global. Um relatório da ONU aponta para uma redução de resíduos industriais e de emissões de gases poluentes superiores a 80% em vários setores, chegando próximo a 100% em alguns deles, com a economia circular.


Em Santa Catarina, mais de 1430 pessoas foram beneficiadas pelo programa Economia Verde e Solidária – pessoas que atuavam com reciclagem e reutilização de resíduos sólidos em 34 associações e nove cooperativas de todas as regiões do estado selecionadas com a apoio técnico da Fapesc. Na região da Amfri, duas entidades receberam certificados – em Itajaí, o Instituto Excellence de Desenvolvimento Sustentável, que tem um forte trabalho com lixo eletrônico, e, em Balneário Camboriú, a Colônia de Pescadores Z-07. As entidades selecionadas tiveram acesso ao financiamento, a fundo perdido, pelo BNDES, de até R$ 300 mil por projeto para a aquisição de equipamentos e infraestrutura. E mais o equivalente deste mesmo valor em assessoria do Sebrae/SC, como diagnósticos setoriais, capacitação e consultorias em gestão empresarial, em melhorias de processos, produtos e logística e em gestão ambiental, além da participação em feiras e rodadas de negócios. Ao todo, foram R$ 20 milhões investidos no programa.


Os desafios para a adoção mais abrangente da economia verde e da economia circular são grandes, mas não intransponíveis. É preciso gestores públicos com visão de futuro para desenvolver e implantar políticas públicas inovadoras, e legisladores abertos ao debate sobre o tema. Os hábitos e os costumes individuais de uso e reciclagem dos produtos devem ser revistos por cada um de nós. Por fim, temos que apoiar a inovação nos negócios, com o desenvolvimento e o uso de novas tecnologias, e pensar fora da caixa quando o assunto é proteção ambiental. É ilusão acreditar que culpar setores específicos ou governantes vai resolver sozinho o problema. A hora é de arregaçar as mangas e colaborar, coletiva e individualmente, para encontrarmos, juntos, soluções para os desafios ambientais.

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