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GRANDE FLORIANÓPOLIS: O LUGAR QUE
ME ACOLHEU
Florianópolis me recebeu de coração e braços abertos. Acolheu um menino que deixou a cidade onde nasceu para acompanhar a família. Era 1975 quando meu pai, o ex-Governador Jorge Bornhausen, foi indicado para a direção do antigo Banco do Estado de Santa Catarina. Toda a nossa família — na época formada pelo meu pai, minha mãe Déa, minha irmã Fernanda, eu e os meus irmãos Irineu e Rafael — migramos da alemã Blumenau para a açoriana Florianópolis.
Aos 11 anos, senti um misto de melancolia por ter que deixar minha querida Blumenau e de ansiedade pela aventura de me mudar para a ilha das belas praias.
Hoje, revisitando estes anos em retrospecto, sou tomado pelo sentimento de gratidão por tudo o que Florianópolis me deu, pelas pessoas que conheci e pelos caminhos que se abriram na minha vida.
Não poderia ser diferente. Minha mudança de CEP coincidiu com um período de transformação e expansão da cidade. Fui testemunha daqueles anos em que pessoas como eu, vindas do interior catarinense ou de outros estados, chegavam aos milhares para escrever novos capítulos das suas vidas. Vi de perto a gente boa de Florianópolis receber outras tantas pessoas com o mesmo carinho com que me recebeu.
Da minha adolescência, pelas ruas do Centro, onde eu estudava, ou de Coqueiros, onde fomos morar quando chegamos, trago boas histórias ao lado de amigos que mantenho até hoje. Nos anos 1980, enquanto cursava Direito na Universidade Federal de Santa Catarina, comecei a ouvir um chamado particular para seguir pela vida pública. Ainda não estava pronto.
Apesar de acompanhar de perto os rumos políticos da cidade e do Estado, senti que era preciso conhecer mais profundamente o dia a dia da iniciativa privada e do que fazia Santa Catarina ser um estado de empreendedores. Foi por aí que comecei os primeiros anos da minha vida profissional. Essa experiência me deu uma nova perspectiva, me fez ver com clareza como a mão pesada do Estado brasileiro, a burocracia, serviços ruins e os altos impostos sobrecarregam quem trabalha de sol a sol e quem decide empreender e fazer acontecer.
Não demorou para a minha vocação pela vida pública falar mais alto. Comecei minha caminhada política em 1991 na Secretaria Geral do PFL de Santa Catarina. Neste momento decisivo encontrei gente do bem e fiz amizades leais que me acompanham ao longo de mais de 30 anos de vida pública.
Iniciei esta fase da vida por Florianópolis e cidades vizinhas colocando em prática o aprendizado que trouxe da minha família: ouvir muito, com atenção, para falar quando necessário. Dali, segui com os bons amigos por outros caminhos de Santa Catarina como dirigente partidário. Das minhas conversas e caminhadas, fui construindo na minha mente um mapa do caminho por onde Brasil deveria seguir para dar às pessoas a resposta que esperam das suas lideranças públicas.
Na minha primeira disputa para Deputado Federal fui abençoado com uma bela eleição. Devo à Florianópolis e aos municípios limítrofes quase um terço dos 56.462 votos da minha primeira eleição. Aos 30 anos, construí meu primeiro mandato com o que ouvi dos catarinenses, me posicionei de forma forte e enfrentei as grandes forças do Congresso quando elas se colocaram contra as pessoas.
Mesmo integrando a base do então governo federal, me posicionei fortemente contra a criação do Imposto do Cheque – a famigerada CPMF. Estava entre poucos contrários à criação do imposto. Perdi a primeira batalha de uma longa luta que terminou anos depois com o fim da CPMF em uma grande derrota para o sistema do lulopetismo. Este é um fragmento de um mandato que ainda teve a aprovação da Lei do Voluntariado.
O trabalho foi reconhecido em minha segunda eleição, desta vez para Deputado Estadual. Novamente, a Grande Florianópolis apoiou o nosso projeto e me garantiu mais da metade dos 61.254 votos conquistados em 1998.
Levei a voz das pessoas para a Assembleia Legislativa. Mais uma vez me coloquei nas fileiras contrárias ao governo que apoiava para acabar com os nefastos pardais que ficavam à espreita dos motoristas com a única intenção de multá-los e arrecadar mais. Tomamos as ruas de Florianópolis, panfletando nos sinais de trânsito, para apresentar a campanha "Fiscalizar, Sim. Pardais, não!". Com o forte apoio dos catarinenses, conseguimos acabar com os pardais nas rodovias estaduais. Eles foram substituídos por lombadas eletrônicas bem sinalizadas e que até hoje informam aos motoristas a velocidade em que passam por elas.
Nunca tive medo de lutar contra o que é ruim para as pessoas, mesmo que isso me colocasse nas fileiras contrárias aos aliados. Nunca coloquei pretenções políticas acima do que é certo para a minha comunidade. Sempre que foi preciso, eu denunciei as falhas do sistema estatal que está aí atuando contra o melhor interesse do cidadão, restringidos às suas liberdades e as suas escolhas, e interferindo na sua vida diariamente.
O sistema político brasileiro está constituído para concentrar poderes e decisões nas mãos dos governos centrais. Isso está errado. A vida das pessoas está muito longe dos palácios e das repartições públicas. Ela é vivida nas cidades por gente comum que quer qualidade de vida. O Estado distante e mais preocupado em arrecadar apenas segura o crescimento individual das pessoas e coletivo das regiões.
Ainda naqueles anos como Deputado Estadual, ainda liderei o processo de regulamentação do Artigo 170. A partir daí, milhares de jovens catarinenses conseguiram entrar na universidade com bolsas de estudo em todas as regiões de Santa Catarina, realizando o sonho de uma vida melhor. Esse deve ser o papel do Estado: dar condições para as pessoas crescerem e alcançarem o seu potencial onde elas decidirem viver.
Isso estava cada vez mais claro para mim. Decidi novamente voltar a Brasília, agora como Senador. Infelizmente não obtive a votação necessária para chegar à Câmara Alta. As condições econômicas adversas dos anos anteriores alimentaram o conto da sereia lulopetista. Em pouco tempo, conquistas sociais foram manchadas por grandes escândalos de corrupção.
Estar fora do Congresso não diminuiu minha vontade de ajudar o meu país e o meu estado. Pelo contrário. Retomei com mais vigor minha caminhada por todas as regiões, observei atento o desenrolar do cenário nacional, me aproximei ainda mais da gente amiga da Grande Florianópolis, reafirmei os meus laços com Itajaí e a região da Foz, estudei muito para me atualizar e me preparar para os próximos desafios.
Mas também tive mais tempo para estar ao lado dos meus filhos. Um presente que Florianópolis me deu foram os meus meninos, Roberto, Bruno e Gabriel – nascidos e criados como manezinhos da Ilha, mas sem esquecer as nossas origens. Afinal, nossas origens em Santa Catarina estão a poucos quilômetros de onde meus filhos cresceram.
São Pedro de Alcântara abrigou a primeira colônia alemã em terras catarinenses, fundada em 1829. Um dos primeiros imigrantes que se instalaram na nova colônia foi Jakob Bornhausen. Vindo de Westfalen, o meu tataravô Jakob se casou com Johanna Pütz e passou a vida inteira na Grande Florianópolis. Seu filho, Pedro Bornhausen, migrou para Gasparmirim, dando início a nossa relação histórica e familiar com o Vale do Itajaí. Seus descendentes, como o meu avô e ex-Governador Irineu Bornhausen, nasceram em Itajaí.
O nascimento do meu primeiro filho iniciou um processo de reavivar as nossas origens familiares, os caminhos que percorri e os vínculos que construí com a Grande Florianópolis, com Itajaí e região, e todo Vale Europeu, em especial Blumenau, onde nasci e que me inspira até hoje. Cidades e regiões tão importantes em minha vida que me deram a oportunidade de retribuir, com muito trabalho, todo o carinho com que sempre me trataram.