Disrupção é uma palavra cada vez mais frequente no vocabulário, especialmente de quem está ligado às transformações digitais e à inovação. A Netflix é um bom exemplo. Mudou o jeito de assistirmos a filmes e séries, enterrou o mercado de videolocadora, tirou audiência e assinantes de outros meios. Basicamente, a Netflix trouxe soluções melhores e mais acessíveis para os consumidores e mudou completamente a forma como as pessoas se relacionam com os produtos e serviços do setor de entretenimento audiovisual. Essa é uma das características mais marcantes das inovações disruptivas.
Mas como a inovação disruptiva se faz presente no setor público? A dinâmica do setor público é diferente do setor privado. No Estado, incentivos para inovação vem mais da pressão popular ou da necessidade de maior produtividade. Talvez por isso seja mais fácil observar a inovação tradicional, ou seja, mais incremental, do que transformações radicais. Porém, em um universo de investimentos públicos escassos, um governo estadual ou uma região organizada podem ascender mais rápido e atrair os olhares de grandes investidores quando incorporam total ou parcialmente o pensamento disruptivo.
Vejo esse processo sendo feito por governos em três frentes. A primeira, mais prática e mais tradicional, é a digitalização e modernização de serviços públicos e a redução de burocracias. O resultado é um Estado mais eficiente e, em tese, gastando melhor os recursos públicos, e crescimento econômico onde a modernização do Estado faz com que ele deixe de atrapalhar o desenvolvimento das atividades privadas.
A segunda é a modernização do modelo de gestão pública e de planejamento. Uma gestão pública mais inovadora que rompa com modelos antigos e desgastados anima as lideranças do setor a buscar melhores caminhos e soluções para o futuro. Por fim, está o papel do Estado e das organizações do setor público, como a Amfri, no desenvolvimento de ações, planos e políticas públicas que estimulem o ecossistema local ou regional de disrupção rumo a uma nova economia.
Nos dois momentos da minha trajetória no Poder Executivo, como secretário de Estado de Desenvolvimento Econômico Sustentável e como presidente dos conselhos do InovAmfri e do Consórcio Intermunicipal Multifinalitário da Região da Amfri, reunimos pessoas que pensavam fora da caixa para buscar soluções inovadoras capazes de levar Santa Catarina e a Foz do Itajaí aos padrões internacionais.
A Nova Economia Catarinense e o Programa Catarinense de Inovação, iniciativas que implantamos no Estado, estimularam e fortaleceram ecossistemas de inovação nos diferentes níveis da cadeia produtiva de todas as regiões. Sementes plantadas há 10 anos e que hoje dão bons frutos, tornando Santa Catarina líder em inovação no Brasil segundo o Ranking de Competitividade do CLP.
Já com o InovAmfri, buscamos um novo modelo de desenvolvimento regional que rompesse com a tradição brasileira de centralizar das decisões nas capitais. Quem sabe melhor sobre as prioridades do seu próprio futuro são os municípios e as regiões onde estão inseridos. Acertamos na fórmula e fomos reconhecidos pelo Banco Mundial como um modelo de desenvolvimento e gestão a ser seguido. Inovação disruptiva governamental é pensar adiante, sonhar grande. Se sonhar grande e sonhar pequeno dá o mesmo trabalho, vamos em busca do sonho maior para colher resultados reais superlativos.
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